
Categoria: Artigos
Data: 30/05/2025
A glória de Deus na selva Amazônica
A obra da missionária Sophia Müller
Chun Kwang Chung
A jornalista do New York Times, Sophia Müller, experimentou uma grande mudança de vida após sua conversão na década de 1940. Certo dia, enquanto caminhava pelas ruas de Nova York, foi abordada por um grupo de evangelistas que a convidaram para um estudo bíblico. Esse encontro foi decisivo para ela. Em uma oração sincera, Sophia disse: “Deus, mostre-me o que o Senhor quer que eu faça da minha vida”. Esse momento marcou o início de seu chamado. Pouco tempo depois, ela se uniu à agência missionária Novas Tribos e partiu em uma missão desafiadora: alcançar os índios Curipacos na vasta região amazônica.
Yahweh, o SENHOR, é o Deus de Israel, mas também o Deus de todas as nações. O desejo de Deus sempre foi que todas as tribos, clãs e famílias da terra conhecessem seu nome. Os Curipacos, embora distantes geográfica e culturalmente, faziam parte desse plano divino. Sophia soube da existência dessa tribo por seringueiros locais enquanto ainda estava na Colômbia, se preparando para adentrar a selva. Um deles advertiu: “Você não pode ir lá, eles vão te matar”. Mas outro seringueiro interveio: “Os Curipacos são bons”. Determinada, Sophia seguiu em frente, confiante de que sua missão era alcançar essa tribo.
Quando o reino de Deus chega a um local, ele transforma tudo. Foi o que Sophia presenciou entre os Curipacos. Ao chegar, ela deparou-se com rituais pagãos, em que as lideranças espirituais da tribo — feiticeiros e bruxos — promoviam cerimônias regadas a bebidas alcoólicas e alucinógenos. A imoralidade sexual era comum, e frequentemente gerava ciúmes e inimizades entre os índios.
Para testar Sophia, os líderes da tribo prepararam uma recepção fatal: uma refeição contendo o veneno mais mortal da floresta, capaz de matar qualquer pessoa em minutos. Ela aceitou o ensopado e começou a comer, enquanto todos observavam atentamente. Pouco tempo depois, Sophia vomitou levemente, e os cães que lamberam o vômito caíram mortos. No entanto, Sophia permaneceu viva, sem qualquer efeito. O bruxo que preparara o prato reconheceu ali o poder divino e, impressionado, entregou sua vida a Cristo. A partir desse momento, Sophia passou a ser conhecida como “a filha de Deus” e ganhou livre acesso à tribo e a todas as regiões ao redor.
Rapidamente aprendeu a língua dos Curipacos e ensinou os índios a ler. Ao longo de seu ministério de 40 anos, ela aprendeu outras línguas indígenas e conseguiu traduzir o Novo Testamento para sete idiomas diferentes. Além disso, plantou mais de 200 igrejas entre os povos indígenas e treinou cerca de 50 pastores nativos, deixando um legado de fé e transformação nas profundezas da Amazônia. Eu tive o privilégio de visitar algumas dessas igrejas e ver a continuidade do trabalho por gerações. O uso do “catecismo de Sophia Muller”, uma espécie de manual doutrinário e litúrgico, garantiu essa continuidade após gerações.
A missionária cristã Sophia Müller (1910–1995) dedicou 40 anos de sua vida ao trabalho com povos indígenas na Amazônia Brasileira, evangelizando duas tribos: Curipaco e Baniwa, grupos indígenas não alcançados àquela altura.
Müller aprendeu várias línguas indígenas e traduziu partes da Bíblia para os dialetos locais, deixando um impacto significativo nas comunidades onde atuou. Seu trabalho foi desafiador devido às condições da selva, às barreiras linguísticas e culturais e à resistência de alguns grupos ao cristianismo. No entanto, ela perseverou por décadas, vivendo entre os indígenas e compartilhando sua fé.
Seu ministério é lembrado como um exemplo de piedade, de dedicação a Cristo e obediência a sua Grande Comissão. Seu legado ainda inspira missionários em todo o mundo.
O Rev. Chun Kwang Chung, pai de três e marido da Inês (a rima é dele) é pastor titular da IP Metropolitana de Alphaville, SP; Mestre em Novo Testamento (M.A.) pelo Trinity Evangelical Divinity School (Deerfield, IL); Doutor em Estudos Interculturais (Ph.D.) pelo Reformed Theological Seminary (Jackson, MS), ensina Teologia Pastoral no JMC e Missiologia no Andrew Jumper